Se eu pudesse descrever em palavras o amor que sinto pela vida, eu diria, mas o que sinto está além das palavras, além das imagens, além muito além. Dentro de mim há um universo infinito, que se revela quando estou em movimento, por isso danço por isso eu atuo !
Eu sou aquela mulher que fez a escalada da montanha da vida, removendo pedras e plantando flores.

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terça-feira, 7 de junho de 2011

As cores para os Ciganos



O povo cigano não aprecia a cor preta.

Evitam-na inclusive misturada com outras cores.

Esta cor lembra-lhes o luto, o drama, a inércia e o caos.

Para eles, a liberdade representa o colorido da vida.

Através das cores podemos obter o equilíbrio e a cura de muitos males físicos e espirituais.

O branco nos traz uma sensação de paz, tranqüilidade espiritual, discernimento no campo material e relaxamento mental. Deve ser usado para controlar nossa ansiedade e inquietude interior.


O amarelo libera nossa criatividade, ativa nosso poder mental, favorece a inteligência e nos devolve a autoconfiança, quando esta foi perdida. Deve ser utilizado em ambientes de leitura, estudo e negócios.


O azul claro é indicado para liberarmos a nossa emoção e trabalharmos a nossa sensibilidade. Tem efeito altamente relaxante.Deve ser usado durante a noite para dormir e para amenizar os estados de tensão.


O azul escuro traz confiança, disciplina, organização e estabilidade. Deve ser usado para trazer amadurecimento material eespiritual, e quando precisamos nos impor sem ferir os que estão aonosso redor.


O lilás lembra a meiguice, o romantismo e a fantasia. Deve ser utilizado quando nos encontramos em fases de extrema cobrança exterior, rigidez, desencantos e austeridade com os outros e com nós mesmos.


O violeta é a cor do poder, da evolução espiritual, da cura, do misticismo e do lado oculto da vida. Deve ser empregado quando estamos deprimidos, preguiçosos, negativos, solitários e rancorosos.


O verde é bom para a saúde, para o coração, para o lado emocional. Traz-nos esperança, harmonia, confiança e disposição para viver. Deve ser usado quando estamos debilitados física, emocional e espiritualmente. Recupera o nosso vigor, nossa agilidade e juventude.


O rosa traz suavidade, amor, receptividade e alegria de viver. Muito bom para crianças, velhos e pessoas carentes. Deve ser usado para os momentos em que só encontramos defeitos em tudo e todos, nos lamentamos das oportunidades perdidas e não achamos graça em nada.


O vermelho nos remete às paixões, ao otimismo, à luta pela vida, ao lado de guerreiro que mora dentro de cada um de nós. Deve ser utilizado quando precisamos de energia, excitação, força, coragem. Esta cor aflora os desejos mais íntimos, tanto sexuais quanto amorosos.

O laranja, cor sagrada para este povo que veio do Oriente,representa o entusiasmo, a liberdade, o magnetismo e o prazer de estarmos vivos. Deve ser usada para quando nos encontramos presos asituações, quando nos sentimos isolados e buscamos o sucesso na vida.

Povo Cigano e o Sincretismo



Para entender o que ocorre hoje em relação à magia cigana no Brasil, é necessário distinguir entre os ciganos reais e os simbólicos. Os ciganos reais tendem a seguir a religião dominante no país em que vivem; assim, no Brasil, a grande maioria deles se diz católica, onde vem crescendo a sua ligação com a Umbanda.É justamente aqui que surgem os ciganos simbólicos: desde o início, a Umbanda incluiu no seu panteão, povos de diversas origens, incluídos na linha do Oriente. Foi aí que os ciganos se incorporaram à Umbanda. 
A princípio, era apenas mais um pequeno grupo de entidades, a que a imaginação popular dava um aspecto e um comportamento estereotipados, inspirados na visão romântica dos ciganos. Freqüentemente, essas entidades tinham personalidades poucas definidas, como a “Ciganinha” ou a “Cigana da Estrada”, com o tempo, entretanto, ocorreu uma mudança. Embora não se possa dizer qual é o peso disso no total da população cigana no Brasil, o certo é que alguns ciganos, ou descendentes deles, aproximaram-se da Umbanda.O intercâmbio entre as duas culturas teve como resultado a sofisticação crescente do trabalho com espíritos ciganos, que adquiriu feições próprias, quase independentes do restante do culto. 
Hoje em dia, muitas pessoas que trabalham com espíritos ciganos não se consideram de Umbanda e realizam sua devoção de forma independente de qualquer culto organizado: é um culto essencialmente individual e doméstico, resultante, em geral, da simpatia ou da curiosidade a respeito dos ciganos. Essas pessoas tendem a seguir também as devoções dos ciganos reais, inseridas no catolicismo. 
A religião formal seguida pelos ciganos é complementada pela crença no sobrenatural, trazida de suas origens indianas e das regiões por onde passaram (principalmente a Europa Central e a Mediterrânea), onde ainda hoje sobrevive a bruxaria originária da antiga religião da natureza. Muitas dessas crenças podem ser encontradas entre as práticas mágicas da população brasileira herdadas talvez em parte diretamente dos ciganos. 
A festa mais importante comemorada pelos ciganos e o dia de Santa Sara (24/25 de maio). Desde 1997, os ciganos comemoram também o dia de São Zeferino, o primeiro beato (e futuro santo) cigano.Santa Sara – segundo relato cristão, poucos anos depois da morte de Jesus, José de Arimatéia fugiu da Palestina, levando consigo a Maria Jacomé, Maria Salomé, Lázaro e suas irmãs Maria e Marta. Esse grupo aportou na costa francesa na foz do rio Ródano, a partir de onde Lázaro realizou seu trabalho apostólico por toda a província romana da Gália; o local tornou-se, por isso, um dos grandes centros de peregrinação da Europa Medieval.O resultado do encontro da religião antiga com as novas crenças cristãs foi o surgimento, na região, do culto de uma santa negra, provavelmente o sincretismo da Grande Mãe-Terra pré-cristã com a Virgem Maria (o que foi muito comum na Europa, durante a Idade Média).De acordo com uma lenda, o grupo de José de Arimatéia trouxera uma escrava negra chamada Sara; outra versão diz que Sara era uma habitante do lugar, que acolheu os exilados, seja como for, cresceu na região da Camargue o culto de Santa Sara. Embora Sara não seja canonizada (e seja, possivelmente, uma figura lendária), é aceita pela igreja como uma santa popular regional.Quando os ciganos chegaram à região, em meados do século XV, já encontraram estabelecida a devoção à santa negra. 
Seu aspecto lembrou-lhes uma importante deusa hindu, geralmente cultuada pelas castas inferiores, Kali, a negra, consorte de Shiva (o destruidor), que representa o lado ameaçador da Grande Mãe. Assim, para os ciganos, Santa Sara tornou-se Sara Kali, passando a ser com o tempo a grande padroeira de todos os ciganos.São Zeferino – Zeferino Gimenez Malla foi um cigano nascido na Catalunha (Espanha) em 1861; seu apelido era “El Pelé”. Comerciante de cavalos, Zeferino levou vida nômade até os quarenta anos, quando fixou residência na cidade espanhola de Barbastro, aonde chegou a ser o patriarca dos ciganos. Seguidor da religião católica, tornou-se catequista, apesar de ser analfabeto. Muito caridoso, auxiliava ativamente todos os pobres da região. Em 1936, Zeferino, com 75 anos, tentou defender um padre que estava sendo maltratado por milicianos. Preso, foi fuzilado na noite de 09 de agosto, junto com outros prisioneiros.
A data comemorativa de “São Zeferino do Cavalo Branco” é 4 de maio em que o cigano foi beatificado.As oferendas e os feitiços relacionados aos espíritos ciganos misturam o estilo da magia européia com alguns elementos da magia de origem africana. Assim, predominam as oferendas e simpatias colocadas em lugares exteriores, os banhos aromáticos, os ingredientes nacionais (frutas, pimentas, cereais, feijões e especiarias de uso comum) os potes de barro, mas também são usadas poções, velas, defumações, cristais, moedas, pregos, etc... de origem européia.







Rito de boa-sorte e fortuna onde os convidados recebem da noiva um cravo vermelho ...

...e dão em troca uma nota simbólica.

Broska (bebida alcoólica) guardada pela família do noivo desde seu nascimento, para ser aberta e consumida no dia de seu casamento. A garrafa é envolta em um lenço vermelho que será usado pela noiva no dia seguinte ao casamento.



Eva Yerbabuena


Eva Yerbabuena, de nascimento Eva María Garrido (Frankfurt, 1970) é uma bailarina espanhola nascida na Alemanha.
Aos 15 dias de idade foi com seus pais para Granada, na Espanha. Aos 12 anos iniciou a dançar flamenco. Viajou a Cuba para aprender coreografia com Johannes García. Seu nome yerbabuena foi-lhe dado pelo amigo e contruto de guitarras(violão Flamenco, Francisco Manuel Dias, em homenagem a Frasquito Yerbabuena. Entre os artistas com quem dançou estão os ídolos do flamenco Manolete, Merche Esmeralda, Javier Latorre, Joaquín Cortés, além de Mikhail Baryshnikov e da coreógrafa e dançarina Pina Bausch.
É considerada uma grande dançarina de flamenco de nosso tempo, ganhando muitos premios, incluindo o Premio Nacional de Danza en 2001 na Espanha.
Atualmente ela produz e performa shows, percorrendo o mundo.






Dança Árabe-Andaluz


Desde o século 07 a cultural árabe floresceu na Espanha. Muitas pessoas diferentes cruzaram o mar do Norte da África rumo a Espanha, muitas vezes escapando de invasões em seus países. Na maioria, eram grupos de Berberes, que também se assentaram na Sardenha, Ilhas Canárias e na Sicília. O termo berbere significa amazigh = povo livre, sempre aberto a novas idéias e religiões.
A música andaluza foi sofreu grande influência persa. Nesta época,, o califa Harun el Rachid fez de Bagdá, de influência predominantemente persa, um centro de cultura árabe. Havia lá um músico muito talentoso chamado Zyriab. Seu talento despertou o ciúme de alguns de seus professores, que, para se garantirem como melhores músicos da cidade, mandou Zyriab para a Andaluzia.
Lá, Zyriab ajudou na formação de escolas de música em Granada, Sevilha, Córdoba e Valência. Assim, os músicos se influenciaram mutuamente, e aos poucos, árabes e espanhóis criaram um novo estilo de música. Acredita-se que alguns instrumentos utilizados na música espanhola tenham sua origem em Bagdá e no Norte da África.
No ano de 750 aproximadamente, +/- na mesma época de Zyriab, vários músicos e dançarinos foram expulsos de países árabes, devido ao Islamismo, que considerava a música e dança como entretenimento nocivas às virtudes. “Música diminui a modéstia, aumenta a luxúria e solapa a virilidade. Faz o que as bebidas fortes fazem”, diziam os califas em vários países árabes. E mais se misturou a música árabe à espanhola.
Além da influência persa, berbere e árabe, a música andaluza sofreu também uma pequena influência chinesa, devido ao comércio feito na antiguidade na “rota da seda”.
A dança árabe andaluza é uma dança de corte. Contém movimentos delicados e complexos das mãos. Originariamente praticadas por dançarinas levadas dos países árabes e por escravas que eram educadas para cantar, dançar e tocar instrumentos.
Hoje em dia, tornou-se a dança das cidades antigas, praticadas por mulheres que descendem das antigas famílias. A roupa utilizada chama-se algieres karakus, um vestido de veludo lindamente bordado e uma calça chamada serval. As mulheres dançam juntas e usam lenços para enfatizar os movimentos das mãos.
Obs.: Leia o livro “Leon-O Africano” de Amin Malouf
Texto cedido por Christina Schafer, retirado do seminário feito por Amel Tafsout (dançarina argeliana) na ocasião do MAJMA-2000, conferência sobre danças do Oriente Médio e do Norte da África.
A poesia também integra a dança árabe-andaluz. O mais conhecido estilo musical para esta dança é o muachah, um estilo típico andaluz de poesia cantada, criado no século oito pelos árabes, com rima e métricas poéticas um pouco mais livres que as formas que a antecederam (qasida) e se destaca pela habilidade do poeta na escolha das palavras. "É semelhante à lapidação de um diamante", disse certa vez o produtor musical Ali El-Khatib. “O tema é o amor, quase sempre protagonizado por uma vítima apaixonada” .

Dança Soumboti



Um tipo de dança gawazzy. É da região de soumboti (Delta do Nilo-Baixo Egito). Segundo Soraia Zaied, bailarina brasileira de renome no Egito,ela é a “mãe” da dança do ventre, sendo a primeira versão desta, a base da dança que conhecemos hoje.
A dança é muito despreocupada com técnica: quadris muito soltos, pernas mais afastadas, joelhos flexionados, braços muito soltos, e a dançarina quase sempre toca os snujs. O pé sempre tem movimentos de “pipocar” alternado. O quadril é o centro deste tipo de dança, com muitos breaks, encaixes e desencaixes, batidas, shimis, etc.
A roupa tradicional é uma galabia muito simples, com pouco bordado.
As músicas são folclóricos, também chamadas de soumboti, no ritmo masmoudi (tocado bem mais rápido), falahi ou malfuf tocado rápido.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Dança Zaar

Dança de transe realizada somente por mulheres. Homens tocam tambor e flauta. Estas mulheres são comuns, donas de casa, e vão dançar para relaxar ou quando querem afastar os maus espíritos. Também dançam quando há um enfermo, na intensão de mandar embora esta enfermidade. Primeiramente defumam o ambiente e elas mesmas com um forte incenso e giram muito o corpo e a cabeça para entrar em transe.

Esta dança tem influência africana, é praticada no sul do Egito, Norte da África e alguns países do Golfo.

Na Grécia Antiga, havia uma dança muito parecida, onde a Phytia (sacerdotisa dos templos) girava até entrar em transe, sentava sobre uma fumaça de ervas e gazes sulfúricos e girava a cabeça em "8", como no Zaar.




O ritmo utilizado é o Zar ou Ayub.

Dança de transe do Alto Egito. Originalmente o Zaar é uma dança circular praticada em função de sanar problemas e doenças, o ritual é presidido por uma mulher chamada "Códia", o ritmo é pesado, marcado por apenas duas notas e os movimentos baseados em rotação de cabeça, o objetivo é o transe coletivo levado à exaustão. Assemelha-se bastante aos rituais de Candomblé. 






Dança com Snujs - Sagats


Os snujs ou sagats são quatro pequenos címbalos de metal, usados dois em cada mão, nos polegares e nos dedos médios das dançarinas. Dançar com snujs é um hábito dos povos gawazzy. A dançarina gawazzy sempre faz suas performances com os snujs. Mais tarde, foram levados ao palco para as evoluções de dança nas músicas clássicas, mostrando a habilidade e sincronia da dançarina com a música, os movimentos de seu corpo e os snujs.
Antigamente, eram maiores: quatro snujs (os pratos eram bem maiores) em cada mão ligados por duas “barrinhas”, com um snuj em cada uma das extremidades. O polegar se encaixava em uma das “barrinhas”e os outros dedos na outra. Assim, a mão abria e fechava e esses quatro pratos criavam um som muito agudo e muito alto. Até hoje os tuaregs usam esta versão mais antiga de snujs.


Pesquisas mostram que todos os instrumentos rítmicos e percussivos usados para a dança vieram de tempos remotos, com finalidade espiritual, na intenção de fazer com que seus ouvintes recuperassem seus ritmos internos e os harmonizassem com a natureza.
Afrescos e inscritos egípcios mostram que os faraós usavam o cistrom, um chocalho na forma da cruz ansata ou cruz da vida, com vários címbalos pequenos na sua curvatura, que era usado para espantar maus espíritos e atrair prosperidade.
O fato é que a remota origem deste instrumento ainda nos é um mistério.
(Texto sobre as mulheres percussionistas, vide Raks el Daff-Dança do Pandeiro)








AFINAL, QUEM É CIGANO?


“Estar diante do cigano era estar diante da diferença extrema, fragmentadora. Agindo como elemento de decomposição da suposta unidade que constituía a sociedade mineira, os ciganos catalisavam conflitos e davam vazão a incertezas. Disso resultou, muitas vezes, uma coisificação dos ciganos, e consequentemente as mais variadas formas de violência contra eles”.
(TEIXEIRA, 2007, p. 137)
Para compreender todos os contextos que envolvem a quirologia, optou-se uma abordagem da etnia cigana frente sua popular associação com a leitura de mãos. Entender qual é a imagem dos ciganos levantada por estudiosos como Fraser (2007), Moonen (2008), Liégeois (2005) e Teixeira (2007) levanta subsídios teóricos que enriquecem o entendimento do contexto da quirologia.
Contar a história de um povo errante que exclui a tradição escrita é um tanto complicado, ainda mais que os registros sobre eles foram escritos somente quando causavam algum problema. No Brasil, a abordagem literária acerca dos ciganos é rica em comunhão com o ocultismo, porém, escassa em abordagens históricas em nível de história, sociologia e antropologia. Traduções de trabalhos estrangeiros também são poucos, como por exemplo, o trabalho de Nicolle Martinez (1989), cujas considerações estão em nível hipotético.
A presente abordagem fundamenta-se no trabalho de Angus Fraser (2005), que fez uso de quatro referências para a construção da probabilidade da origem étnica cigana:
• pela evidência lingüística (grande semelhança entre o Romani, língua cigana e o Sânscrito, idioma de origem indiana falado em territórios iranianos antes de 300 a.C. como resultado do avanço de Alexandre Magno no noroeste da Índia em 327-326 a.C.);

 • por paralelos étnicos;

• através de estatísticas lexicais;

• por meio de estudos da antropologia física.

Segundo o autor, esse povo errante chegou às paragens Bálcãs no período medieval e foi se espalhando pelo mundo de maneira gradual. Chegaram disfarçados de peregrinos e despertaram uma intensa curiosidade, consequentemente, segundo Fraser (2005) teorias sobre suas origens se ploriferaram. Somente mais tarde foi possível deduzir por meio de sua língua de onde partiu sua diáspora. Durante os séculos, apesar da constante exposição a múltiplas influências e pressões, conseguiram conservar uma identidade diferente e demonstrar um notável poder de adaptação e sobrevivência. A sobrevivência, segundo o autor, é a principal conquista dos ciganos.




É um povo com idioma, cultura e um tipo racial comum, mas, segundo o autor, foi-se o tempo que podiam ser facilmente distinguidos, pois na atualidade, encontram-se consideravelmente diversificados. Outro fator semelhante a ser considerado é o que ocorreu através dos séculos com o significado atribuído ao término “cigano”. Tal como as variadas teorias de origem, o significado atribuído a nomenclatura apresentou um problema semântico não reivindicado pelos ciganos. O termo costumou ser aplicado indiscriminadamente a qualquer membro itinerante da população que não fosse obviamente um vagabundo. Algumas depreciações acresceram esse sentido amplo, no caso da língua britânica, ter o equivalente “traveller” assim como similares equivalentes em outros idiomas. A descrita equivalência designa cigano a qualquer viajante, fazendo possível a associação com os itinerantes tinkers, ou com os atuais adeptos da ideologia hippie ou New Age, que optam voluntariamente ao estilo de vida nômade. Qualquer descrição satisfatória, nas palavras de Fraser (2005) não está livre de ambigüidades.
Os perigos dessas designações podem ser verificados na evolução do vocábulo “cigano” nas leis britânicas em finais da década de 1950. Fraser justifica o exemplo britânico para generalizar o todo (no sentido das diversas localidades geográficas) já que os problemas de definição se fizeram mais agudos na Inglaterra, devido aos muitos elementos não romanis na ascendência de sua população cigana, acrescida da larga história de outros grupos nômades que existiam muito antes da chegada dos ciganos e que se ocultaram mutuamente em muitos aspectos da vida social no sentido de “ganhar a vida”. Durante período citado, os ciganos foram despojados de toda significação étnico ou racial, primeiro acidentalmente logo de forma deliberada. O desígnio cigano chegou a especificar “grupo de pessoas que cometiam um delito se acampassem ou montassem um posto”. Segundo Fraser (2005) o problema semântico já estava tão complexo que somente os tribunais poderiam resolver. O problema só foi resolvido quando foi aprovada uma Ata de Lugares para Caravanas em 1968 que regularizou a provisão de acampamentos ciganos, porém não garantia um significado que considerasse origens ou traços étnicos, apenas pelo estilo de vida. A regularização do sentido étnico ao significado de cigano ocorreu em 1965 por meio da Ata de Relações Internacionais contra a discriminação aos ciganos recorrente na época.
 Segundo o autor, esses debates ingleses servem para ilustrar debates em tribunais que se dão desde a chegada dos ciganos na Europa, e esses servem para demonstrar um “importante dilema que se nega a desaparecer em qualquer discussão sobre os ciganos: é a forma de vida o fator primordial em sua definição?” Apesar de ainda não haver uma resposta conceitualmente habituada em sociedade, deve-se considerar que os ciganos possuem as características essenciais para distinguir um grupo étnico: primeira, uma larga história compartilhada, do qual o grupo é consciente por se distinguir de outros grupos e cuja memória mantêm viva; a segunda é uma tradição cultural própria, o que inclui costumes e comportamentos familiares e sociais, associados em parte, mas não necessariamente, com práticas religiosas originais e definidas. Outras características que não essenciais seriam: uma origem geográfica comum, uma literatura comum, própria do grupo; uma religião diferente dos grupos vizinhos ou da comunidade geral e ser uma minoria ou ser um grupo oprimido no interior de uma comunidade mais ampla.
Diante dessa visão ocidental regulamentada questiona Fraser (2005): que orientação se pode esperar dos próprios ciganos, considerando que sua própria atribuição um importante mecanismo para delinear a identidade étnica? Não existe em romani qualquer vocábulo correspondente a cigano. Segundo o autor, é inacabável o debate a respeito de quem é verdadeiramente cigano e quem não é. Também é inútil falar em términos geográficos como “os ciganos franceses” e se faz difícil e enganoso generalizar sobre “os ciganos”.

Na contribuição de Moonen (2008), em decorrência da nomenclatura, cigano é um termo genérico inventado na Europa do século XV e que ainda hoje é adotado por falta de outro melhor. Segundo o autor, os próprios ciganos costumam usar autodenominações completamente diferentes.
Diante da grande diversidade enfatizada por Fraser (2005), Moonen (2008) apresenta a distinção de três grupos, reconhecidos tanto pelos ciganos como os pelos ciganólogos:
1. Os ROM, ou Roma , falam a língua romani; divididos em vários subgrupos, com denominações próprias, como os Kalderash (Kalderash = caldeireiros), Matchuaia, Lovara, e os Curara. Predominância nos países balcânicos, mas a partir do Século XIX migraram também para outros países europeus e para as Américas. Os mais estudados e descritos, se auto-denominam “os ciganos autênticos”.
2. Os SINTI, falam a língua sinto e são predominantes na Alemanha, Itália e França, onde também são chamados Manouch;
3. Os CALON ou KALÉ, língua caló, predominantemente ibéricos, já que vivem principalmente em Portugal e na Espanha, onde são mais conhecidos como gitanos, mas que no decorrer dos tempos se espalharam também por outros países da Europa e foram deportados ou migraram inclusive para a América do Sul. Apresentam maior nomadismo, no sentido de não ficarem por muito tempo em um único lugar. Segundo Moonen (2008), aparentemente, nada se sabe sobre eles no Brasil, e pouco na Europa. No Brasil pode-se encontrar ciganos desses três grupos.
E depois dessas divisões e divisões Moonen (2008, p.3) conceitua: Apesar de todas estás dificuldades, definimos aqui cigano como cada indivíduo que se considera membro de um grupo étnico que se auto-identifica como Rom, Sinti ou Calon, ou um de seus inúmeros sub-grupos, e é por ele reconhecido como membro. O tamanho deste grupo não importa; pode ser até um grupo pequeno composto de uma única família extensa; pode também ser um grupo composto por milhares de ciganos. Nem importa se este grupo mantém reais ou supostas tradições ciganas, ou se ainda fala fluentemente uma língua cigana, ou se seus membros têm cara de cigano ou características físicas supostamente ciganas. (Ibidem, 2008, p. 3)
Há hoje uma consciência por parte dos ciganos de fazer parte de uma entidade maior (FRASER, 2005). Prova disso é o aparecimento e desenvolvimento desde os anos 1960 de organizações nacionais ciganas, em defesa própria, para garantir o reconhecimento dos direitos ciganos e para lutar contra as políticas de rejeição e assimilação. Essas organizações têm conduzido laços internacionais que são contrários ao fragmentado cigano, a ênfase é a diferença e a distinção. Consolida-se o principio de uma nova consciência dos laços históricos e culturais que compartilham todos os ciganos.
Sem embargo, Fraser (2005) afirma que depois de séculos, os ciganos tem todo direito de serem considerados um “povo da Europa”, visto que grande parte da população européia tem ascendência neles, estando entre os poucos “pan europeus” do continente.

Ciganos compondo o imaginário popular em torno da leitura de mãos



Como estamos conhecendo a fundo a leitura de mãos, não basta saber como realizá-la, mas também saber como sua imagem social foi formada ao longo da história. Em pesquisa acadêmica que realizei, trinta pessoas que participaram da pesquisa associavam a leitura de mãos ao povo cigano. Logo pode-se averiguar que a posição marginalizada da leitura de mãos, onde pode ser vista de variadas formas, desde ferramenta “oracular” até a imagem de puro charlatanismo, estava ligada a história, imagem e estereótipos do povo cigano. Ao longo da história, tanto a quirologia como a quiromancia estiveram ligadas aos povos ciganos, cuja cultura exclui a documentação escrita. Mas, por meio de fatos como figuras e histórias populares, é possível averiguar este vínculo. Frente a popular associação entre a leitura de mãos e a etnia cigana, para os que desejam conhecer mais sobre o imaginário em torno da quiromancia, desenvolveu-se uma área do trabalho em torno da origem, imagem social e peculiaridades culturais em torno do povo cigano.


OSWALDO MONTENEGRO CIGANA



Eu me vesti de cigana
Pra cantar o sol
Fiz comício e deu cana
Pra cantar o sol
Ah, que riso bacana
Pra cantar o sol
Virtuosa e sacana
Pra cantar o sol

Dança, dança, dança pra cantar o sol

Todo ao amor que emanar, pra cantar o sol

Fui quem se dava e se dana

Pra cantar o sol
Quem não mente, te engana
Pra cantar o sol
Quem teu hálito abana
Pra cantar o sol
Virtuosa e profana
Pra cantar o sol

Dança, dança, dança pra cantar o sol

Todo ao amor que emanar, pra cantar o sol

Fiz do meu corpo cabana

Pra cantar o sol
Fiz de um ano semana
Pra cantar o sol
Fiz do amor porcelana
Pra cantar o sol
Fui cigarra e cigana
Pra cantar o sol

Dança, dança, dança pra cantar o sol

Todo ao amor que emanar, pra cantar o sol

Fui tua mão que me esgana

Pra cantar o sol
O que o brilho não empana
Pra cantar o sol
Meu amor tinha gana
De cantar o sol
Virgem Santa e sacana
Pra cantar o sol

Dança, dança, dança pra cantar o sol

Todo ao amor que emanar, pra cantar o sol

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Dança com Jarro



Um tipo de dança Falahi. Falahin são os fazendeiros do Egito. Esta dança surgiu quando as mulheres se dirigiam ao Rio Nilo para lavar suas roupas e buscar água.No caminho, cantarolavam e dançavam, para minimizar o cansaço e a monotonia deste trabalho.
Tradicionalmente, usam vestidos longos e rodados, bordados com pastilhas ou moedas, com mangas compridas; na cabeça, usam lenços e adornos de moedas e metal.



As músicas são folclóricas, no ritmo falahi, com inserções de saaidi ou maqsoum tocado rápido. As letras sempre falam das mulheres falahins que vão pegar água no Rio Nilo.