Se eu pudesse descrever em palavras o amor que sinto pela vida, eu diria, mas o que sinto está além das palavras, além das imagens, além muito além. Dentro de mim há um universo infinito, que se revela quando estou em movimento, por isso danço por isso eu atuo !
Eu sou aquela mulher que fez a escalada da montanha da vida, removendo pedras e plantando flores.

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Origem e Clãs

Feiticeiros, andarilhos, artistas... Quem são os ciganos? Qual é a sua origem? Para onde caminham? 

   
Como o Povo Cigano, não tem até os dias atuais uma linguagem escrita, fica quase impossível definir sua verdadeira origem. Portanto, tudo o que se  disser sobre a origem do Povo Cigano, será baseado em conjecturas, similaridades ou suposições.
   A hipótese mais aceita é que o Povo Cigano teve seu berço na civilização da Índia antiga, num tempo que também se supõe, como muito antigo, talvez  dois ou três milênios antes de Cristo. Compara-se o sânscrito, que era escrito e falado na Índia (um dos mais antigos idiomas do mundo), com o idioma  falado pelos ciganos e encontraram um sem-número de palavras com o mesmo significado.
   Outros pontos também colaboram para que esta hipótese seja reforçada, como a tez morena comum aos hindus e ciganos, o gosto por roupas vistosas e coloridas, e princípios religiosos como a crença na reencarnação e na existência de um Deus Absoluto. Tanto para os hindus como para os ciganos, a religiosidade é muito forte e norteia muito de seu comportamento, impondo normas e fundamentos importantes, que devem ser respeitados e obedecidos.
  Há indicações de que esse povo começou a imigrar da Índia por volta do século 16 a.c. É certo que eles passaram pelo Egito, Grécia, Irã, Ásia Ocidental, Romênia, e já no século 15  podiam ser  encontrados por toda a Europa. A razão pela qual abandonaram as terras nativas da Índia permanece ainda envolvida em mistério. Parece que eram originariamente sedentários e que devido ao surgimento de situações adversas, tiveram que viver como nômades.
   Muitos estudiosos os ligam à casta indiana dos párias. Isso em parte por causa de seu aspecto miserável, que não se deve a séculos de perseguição, pois foi descrito bem antes da era das perseguições. Também por causa dos empregos subalternos e das profissões geralmente desprezadas na Índia contemporânea pelos indianos que lhes parecem estreitamente aparentados. 
A presença de bandos de ex-militares e de mendigos entre os ciganos contribuiu para piorar sua imagem. Além disso, as possibilidades de assentamento eram escassas, pois a única possibilidade de sobrevivência consistia em viver às margens das sociedades.
   Os ciganos eram facilmente identificados com os Turcos porque indiretamente e em parte eram provenientes das terras dos infiéis, assim eram considerados inimigos da igreja, a qual, condenava as práticas ligadas ao sobrenatural, como a cartomancia e a leitura das mãos que os ciganos costumavam exercer.

   Dos preconceitos a discriminação, até chegar as perseguições. Na Sérvia e na Romênia foram mantidos em estado de escravidão por um certo tempo; a  caça ao cigano aconteceu com muita crueldade e com bárbaros tratamentos. Deportações, torturas e matanças foram praticadas em vários Estados,  especialmente com a consolidação dos Estados nacionais. Perseguidos, excomungados, tachados de bruxos ou odiados pela sociedade que não  conseguiam submetê-los, os ciganos  sobreviveram graças as força da sua alma indomável. Força essa que não lhes faltava nem a beira da morte,  quando aguardavam o extermínio  com  palmas e cantos.
   Atualmente, os ciganos estão presentes em todos os países europeus, nas regiões asiáticas por eles atravessadas, nos países do oriente médio e do  norte da África. Na Índia existem grupos que conservam os traços exteriores das populações ciganas: trata-se dos Lambadi ou Banjara, populações  semi- nômades que os "ciganólogos" definem como "Ciganos que permaneceram na pátria". Nas Américas e na Austrália eles chegaram acompanhando  deportados e colonos. 

   Os Ciganos no Brasil

   Os primeiros ciganos vieram para o Brasil no século XVI, trazidos pela corte real de D. João VI para divertir a comitiva; sendo eles: cantores, músicos e dançarinos.  Outros ciganos chegaram ao Brasil no século XVII, como degredados ou enviados de Portugal para trabalhar como ferreiros e ferramenteiros. Os do grupo  Kalon, foram os primeiros a chegar e marcaram a sua presença fortemente nesta terra. Eles eram católicos, mas conheciam os mistérios da Mãe Natureza e  sabiam que os queridos ancestrais, podiam se comunicar, apesar de habitarem outros mundos.

   Hoje se estima cerca de 150 mil ciganos espalhados pelo nosso país. Dizemos que são os nômades, justamente por serem os mais perceptíveis. Mas, se fôssemos considerar os criptociganos ( os ciganos ocultos, os não assumidos), esse número triplicaria. Então seria quase que meio milhão de ciganos no Brasil.

   Apesar de não terem uma pátria, eles formam uma etnia, pois têm uma unidade lingüística o romanês, que é a língua do povo. O cigano possui a pátria dentro de si mesmo. A sua pátria é onde ele está, o que é muito difícil de ser entendido pelos gadjês (não ciganos). 



   Os Clãs Ciganos

   Os ciganos não gostam e não aceitam a palavra tribo para denominar seus grupos, pois não possuem chefes equivalentes aos caciques das tribos indígenas, nas mãos de quem está o poder. Os ciganos também não possuem pajés ou curandeiros, ou ainda um feiticeiro em particular, pois cada cigano e cigana tem seus talentos para a magia, possui dons místicos, sendo portanto um feiticeiro em si mesmo. Todo povo cigano se considera portador de virtudes doadas por Deus como patrimônio de berço, cabendo à cada um desenvolver e aprimorar seus dons divinos da melhor e mais adequada maneira.
   Existem autores que citam que cada grupo cigano tem seu feiticeiro particular denominado kakú, porém esta palavra no idioma romani significa apenas tio, não tendo qualquer credibilidade esta afirmação.
   Os ciganos preferem e acham mais correto o termo clã para denominar seus grupos.

  •    Os Principais Grupos Ciganos

   Atualmente existe um sem-número de grupos ciganos, sendo os mais expressivos no presente os seguintes:

   Kalon - Os componentes deste grupo fixaram residêcnia especialmente na Espanha e Portugal, onde sofreram severas perseguições, pois sendo estes países profundamente católicos e conservadores, não podiam admitir os costumes ciganos, tanto que foram proibidos de falar seu idioma, usar suas vestes típicas e realizar festas e cerimônias segundo suas tradições. O que os ciganos sofreram na Península Ibérica, lembra de certa maneira o que s negros sofreram em terras do Brasil.

   Os ataques da realeza ao grupo Kalon foram tão rigorosos, que ele foi obrigado a criar dialeto, mescla de seu próprio idioma com o português e o espanhol, em particular em Portugal, onde as proibições não foram verbais, mas determinadas por decreto do rei D.João V. Apesar de todos os sofrimentos o Clã Kalon sobrevive até os dias atuais, sendo um dos grupos que mais fielmente segue as tradições ciganas. Tem-se que os Kalons originaram-se do antigo Egito.

   Moldávio - De pele mais clara e olhos azuis, este grupo originou-se em terras da Rússia, tendo de enfrentar os rigores do inverno russo em suas precárias carroças. Sob as pesadas roupas e capotes escuros mal reconhecemos sua origem cigana. A denominação moldávio vem da palavra Moldávia, república da Europa Central, que chegou a fazer parte do Império Russo e da antiga URSS. Há poucas diferenças entre o dialeto moldávio e o romeno; contudo, distinguem-se fortemente na escrita, uma vez que o moldávio adoou o alfabeto cirílico (Dicionário aurélio).

   Horananô - Surgiram em terras turcas e se destacaram em especial como grandes criadores de cavalos. Os integrantes deste grupo chegaram ao Brasil bem depois do grupo Kalon, somente no final do século XVIII. 

   Karderash e Matchuaya - Os ciganos do grupo karderash são originários da Romênia e da antiga Iuguslávia, o berço dos Matchuaya. Ambos os grupos chegaram ao Braisl no final do século XVIII. Os primeiro s ciganos a chegarem no Brasil eram do grupo Kalon e vieram de Portugal em meados do século XVII. Portugal, necessitando de mestres de forja no Brasil, enviou-os para cá para que fabricassem ferraduras, armamentos e ferramentas. Faziam também artesanalmente utensílios domésticos, alambiques para o fabrico da cachaça, famosos até hoje por sererm extremamente bem feitos e resistentes.